CPI DA COVID AGORA?
O presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (DEM-MG), tem até próxima sessão plenária (ainda sem previsão) para
fazer a leitura do requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) para apurar eventuais omissões do Governo Federal no combate à Covid-19,
conforme determinou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto
Barroso, na última quinta-feira, 8, em mais uma decisão monocrática e polêmica.
O requerimento para abertura da
Comissão foi encaminhado à presidência do Senado, ainda em fevereiro, por um
grupo 30 de senadores. Como a instalação não aconteceu, os senadores Alessandro
Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO) entraram com uma ação no
STF, o que resultou na decisão de Barroso.
“A CPI poderá desempenhar função
de palanque político absolutamente inapropriado para esse momento da nação”,
reagiu o presidente do Senado, que prometeu obedecer ao ministro Barroso, mesmo
a contragosto.
No mesmo dia em que uma nova
crise entre os Poderes da República se desenhava em Brasília, o país registrou
mais de 4,2 mil óbitos por Covid. Dos 212 milhões de brasileiros, apenas 22
milhões tinham sido vacinados. Nas 27 unidades da federação, 21 capitais tinham
mais de 90% dos leitos públicos de UTI ocupados. Em São Paulo, segundo
levantamento do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems/SP) com
1.514 serviços de saúde, 591 estavam com os estoques medicamentos para
intubação zerados.
E a escassez não é apenas
material. Em hospitais beneficente e filantrópicos começam a faltar
profissionais de saúde e outros profissionais de apoio. Ainda sem números
oficiais, entidades representativas do setor, como a Confederação das Santas
Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) e a Federação
das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp),
registram a migração de médicos e enfermeiros dessas instituições para
hospitais privados, onde os salários são maiores.
Não à toa o ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga, adotou um discurso conciliador, de união nacional, para
vencermos a pandemia. Mas ele é voz destoante em Brasília. Na Capital Federal,
a principal preocupação dos políticos não é com vacinas, leitos, respiradores e
nem com medicamentos para população. O único assunto que mobiliza a todos são
as eleições do ano que vem e poucas armas são tão eficientes nessa disputa com
uma nova CPI.